Mavago
Perfil do Distrito de Mavago
- Breve Caracterização do Distrito
1.1 Localização, Superfície e População
O distrito de Mavago está localizado na parte Norte da Província de Niassa, confinando a Norte com a República Unida da Tanzânia através do Rio Rovuma, a Sul com os distritos de Majune e Muembe, a Este com os distritos de Marrupa e Mecula e a Oeste com os distritos de Muembe e Sanga.
A superfície do distrito1 é de 9.231 km2 e a sua população está estimada em 25 mil habitantes à data de 1/7/2012. Com uma densidade populacional aproximada de 2.7 hab/km2, prevê-se que o distrito em 2020 venha a atingir os 33 mil habitantes.
A estrutura etária do distrito reflecte uma relação de dependência económica de 1:0.9, isto é, por cada 10 crianças ou anciões existem 9 pessoas em idade activa. Com uma população jovem (48%, abaixo dos 15 anos), tem um índice de masculinidade de 95% (por cada 100 pessoas do sexo feminino existem 95 do masculino) e uma matriz rural acentuada.
1.2 Clima, Relevo e Solos
Climaticamente a região é dominada por climas do tipo semi-árido e sub-húmido seco. A precipitação média anual varia de 800 a 1200 mm, enquanto a evapotranspiração potencial de referência (ETo) está entre os 1300 e 1500 mm.
Em termos da temperatura média durante o período de crescimento das culturas, há regiões cujas temperaturas excedem os 25ºC, embora em geral a temperatura média anual varie entre os 20 e 25ºC.
O distrito é atravessado pelos seguintes rios: Rovuma, Lugenda, Lucheringo, Luatize,
N’sawize, Lussanhando, Lilassi, Lucuize, N’kalapa, Liwonde, Namacuate, Nsacalanje,
Licundi, Mussafa, Ligogo, Mbeseca, Ngongolo, Chipuata, Mbetano, Lutuesi, Mbulugo,
Nacalanga e Namajati.
Corresponde ás terras de altitudes compreendidas entre os 200 e 500 metros, de relevo
ondulado, interrompido de quando em quando pelas formações rochosas dos “inselbergs”.
1.3 Recursos Naturais
O Distrito de Mavago, inserido na Reserva do Niassa, é reconhecido pela sua enorme diversidade em fauna bravia, constituindo, assim, uma importante área para a prática de turismo cinegético e ecoturismo por ora pouco explorado.
1.4 Economia e Serviços
A agricultura é a actividade dominante e envolve quase todos os agregados familiares. De um modo geral, a agricultura é praticada manualmente em pequenas explorações familiares em regime de consociação de culturas com base em variedades locais.
De uma forma generalizada pode-se dizer que a região é caracterizada pela ocorrência de três sistemas de produção agrícola dominantes. O primeiro corresponde à vasta zona
planáltica baixa onde domina a consociação das culturas alimentares, nomeadamente mandioca/milho/feijões nhemba e boer, como culturas de 1a época (época das chuvas) e a produção de arroz pluvial nos vales dos rios, dambos e partes inferiores dos declives.
O segundo sistema de produção é dominado pela cultura pura de mapira, ocasionalmente consociada com milho e feijão nhemba. As culturas de mexoeira e amendoim podem aparecer em qualquer uma das consociações. A mandioca é a cultura mais importante em termos de área e é cultivada tanto em cultivo simples, como em cultivo consociado com feijão ou amendoim.
O algodão corresponde ao terceiro sistema de produção, e constitui a principal cultura de rendimento da região. A principal cultura de rendimento praticada no distrito é o tabaco.
Os três sistemas de produção agrícola aqui descritos ocorrem em regime de sequeiro.
O fomento pecuário no distrito tem sido fraco. Porém, dada a tradição na criação de gado e algumas infraestruturas existentes, verificou-se algum crescimento do efectivo pecuário.
1.5 História e cultura
A maior parte da população do distrito é de origem Yao e Amakhua. Este último grupo é originário dos distritos orientais, designadamente, Marrupa, Maúa e Majune.
A população pertence à linhagem matrilinear, não diferindo grandemente dos povos do
Norte do Zambeze.
As autoridades tradicionais predominantes no distrito são: Mwené, N’duna e Bibi, esta
última esposa do Mwené.
Mwené é a autoridade subordinada ao Régulo (SULUTUANE) com a tarefa de dirigir apenas um Povoado. Os N’dunas são os mensageiros do Régulo.
A actuação destas estruturas manifesta-se fundamentalmente na gestão de conflitos, recolha e transmissão de mensagens, organização das comunidades, conservação dos hábitos culturais e outros assuntos de interesse local.
Para cada acontecimento existe uma dança própria. O divertimento é geralmente organizado no tempo seco e na altura das colheitas, em sinal de satisfação e agradecimento pelas boas colheitas.
As danças mais praticadas são: Manganje, Manava, Makwalo, Chindimba, Chioda,
Nihichiliha, Chitoto, Maombe, Limbodua e Essikiri.
1.6 Cenário político actual e sociedade civil
O Distrito possui um Conselho Consultivo Distrital presidido pelo Administrador Distrital.
No Distrito funcionam 2 Conselhos Consultivos dos Postos Administrativos, presididos pelo respectivo Chefe do Posto Administrativo. No seu funcionamento participativo estes envolvem os membros dos 2 Conselhos Consultivos de Localidade.
A relação entre a Administração e as autoridades comunitárias é positiva e tem contribuído para a solução dos vários problemas locais, nomeadamente os surgidos devido aos conflitos de terras existentes no distrito.
A população, devidamente mobilizada pelas autoridades comunitárias, participa activamente na abertura de estradas terciárias, que tem facilitado o escoamento dos excedentes agrícolas, na construção de escolas com material precário, casas para alguns Presidentes das Localidades e enfermeiros, na conservação de fontes de água, na denúncia de malfeitores e na localização de terrenos para vários fins socioeconómicos e culturais, sempre que necessário.
A religião dominante é a Muçulmana, praticada pela maioria da população do distrito.
Existem outras crenças no distrito, sendo prática corrente que os representantes das hierarquias religiosas se envolvam, em coordenação com as autoridades distritais, em várias actividades de índole social.